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Situado numa rua movimentada do centro da cidade do Porto, trazemos-lhe um dos projetos turísticos mais interessantes dos últimos tempos. Uma remodelação singular que parte de um edifício histórico fragilizado transformando-o num espaço atual.
A ideia deste novo conceito de hospedagem partiu de duas amigas ligadas às artes que já tinham o hábito de alugar quartos a turistas. Ana e Paula tinham a vontade de criar mais do que um hostel ou uma pensão, um espaço dinâmico ligado á cultura com uma atmosfera muito íntima.
A equipa responsável pelo projeto foi coordenada pelo arquitecto português Gustavo Guimarães que tem participado nos mais variados projetos ao longo dos últimos anos.
A cerca de dois minutos da Torre dos Clérigos, o espaço encontra-se numa rua caracterizada pela típica azáfama dos bairros dos centros históricos. Entre mercearias, lojas e padarias, o edifício é composto por três pisos exteriores e uma cave com muitas memórias.
Partindo do seu carácter industrial, outrora dedicado à actividades têxteis, os arquitectos procuraram enaltecer o seu carácter original preservando a memória do lugar.
Em termos programáticos o espaço é composto por seis apartamentos, um espaço de restauração, uma sala multi-usos e ainda uma recepção ligada a uma galeria e uma loja. Naturalmente as funções mais públicas encontram-se no piso térreo, a sala polivalente no piso cave e os apartamentos distribuem-se pelos pisos superiores. O primeiro e segundo piso são compostos por dois apartamento T0 e um apartamento T2 cada incorporando sempre além dos quartos, uma casa de banho, uma cozinha ou kitchenette e ainda uma zona de estar.
Todos os espaços do edifício foram tratados com uma diversidade de materiais absolutamente espectacular. Desde o acabamento super original das paredes de betão, à utilização de diferentes tipos de madeira e vidro tudo conflui para a criação de um espaço que apesar de eclético é simples. Dos vários tratamentos originais destaca-se a rosa dos ventos desenhada no pavimento da recepção—um elemento de alto valor simbólico para todos os turistas que passam por este espaço.
Apesar de muitos dos espaços serem acompanhados de grandes janelas para o exterior que deixam os espaços respirarem, a nova compartimentação do edifício exigiu os sistema de iluminação fosse repensado. Para resolver este problema sem o apoio excessivo de iluminação artificial, algumas das novas paredes foram construídas em vidro que apesar de deixar a luz entrar nos espaços garante um certo nível de privacidade através da sua textura
A decoração é sem dúvida um dos elementos mais característicos deste projeto. A utilização de televisões ou móveis do Ikea foi evitada ao máximo, procurando-se sempre utilizar produtos portugueses. No restaurante são encontrados copos coloridos, fruteiras vintage e pratos de fábricas nacionais transformando estes objectos utilitários num verdadeiro apelo visual aos que visitam o espaço.
Nos quartos a decoração é bastante minimalista quando comparada com os restantes espaços. A escolha de cores claras e pouco mobília em cores neutras deu origem a um espaço muito elegante e com uma atmosfera bastante relaxada. Um dos detalhes mais engraçados destes espaços é a presença de alguns livros que fazem parte de uma criteriosa seleção feita pelas donas desta iniciativa.
O mais interessante desta obra é a capacidade de materializar um conceito desenvolvido numa colaboração entre os arquitetos e as donas do espaço. Mais do que um hostel, uma pensão, ou um restaurante, este projeto é uma iniciativa cultural que procura proporcionar aos que aqui passam experiências únicas. Aqui a sua estadia poderá ser acompanhada de concertos de jazz, exposições contemporâneas ou instalações artísticas inesperadas. De facto, só um trabalho arquitectónico muitíssimo bem desenvolvido é capaz de acolher esta multiplicidade de valências.
